Classificação de medicamentos

3. Classificação de medicamentos

Sumario

¾   Conceitos: forma farmacêutica, medicamento, substância activa, fármaco, excipiente, remédio.

¾   Critérios de classificação de Medicamentos segundo: Número de Substancia activa, Tipo de administração, Sistema terapêutico, Modo de preparação e acção, Alvo da acção terapêutica.

Define-se medicamento como a substancia medicinal e suas associações ou combinações destinadas a ser utilizadas em pessoas ou animais, que tenha propriedades para prevenir, diagnosticar, tratar, aliviar ou curar enfermidades, ou para modificar funções fisiológicas, quer dizer, o medicamento é o princípio ativo (ou o conjunto deles) elaborado pela técnica farmacêutica para uso medicinal. Ou ainda:

toda a substância contida num produto farmacêutico empregue para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos, em benefício da pessoa a quem se administra”.

                                                                                   (Lei 12/2017 – Lei do medicamento)

Forma farmacêutica  

Estado final que as substâncias activas apresentam, depois de submetidas às operações farmacêuticas necessárias, a fim de facilitar a sua administração e obter o maior efeito terapêutico desejado”.

                                                                                   (Lei 12/2017 – Lei do medicamento)

Substância activa  = fármaco

toda a matéria de origem animal, vegetal, mineral ou de síntese química, especificamente definida por método adequado, que apresente actividade farmacológica ou outro efeito directo no diagnóstico, cura, alívio, tratamento ou prevenção de doenças ou que afecte qualquer função do organismo humano”.

                                                                                   (Lei 12/2017 – Lei do medicamento)

Excipiente

qualquer componente, à excepção da(s) substância(s) activa(s), que existe num medicamento ou que é utilizado no seu fabrico. A função de um excipiente é a de actuar como transportador (veiculo ou base) da substância(s) activa(s) ou como componente do transportador, contribuindo assim para certas características do medicamento, como estabilidade, o perfil biofarmacêutico, o aspecto e a aceitação pelo doente, e a facilidade de fabrico”.

                                                                       (Estatuto do medicamento português)

Adjuvante

“Toda a matéria-prima que, incluída nas formas farmacêuticas, se junta às substâncias activas ou suas associações e também aos excipientes para possibilitar a preparação e a estabilidade do medicamento, modificar as suas propriedades organolépticas ou determinar as propriedades físico-químicas do medicamento e a sua biodisponibilidade”.

Exemplos

Formulação 1 (actividade: identifique excipientes adjuvantes)

V04 BENYLIN®, 2,8 mg/ml + 0,4 mg/ml Xarope. Cloridrato de difenidramina +  levomentol. Medicamento não sujeito a receita médica. Indicado no alívio dos sintomas da congestão nasal associados a rinite alérgica ou a infeções respiratórias altas e no tratamento da tosse. Contém Cloridrato de difenidramina (2,8 mg/ mL) Levomentol (0,4 mg/ mL), Citrato trisssódico di-hidratado, Sacarose Carbómero 974P, Aroma de framboesa, Caramelo (E150), Benzoato de sódio (E211), Ácido cítrico mono-hidratado, Sacarina sódica (E954), Glicerol, Etanol 96%, Xarope de glucose, Água purificada, Vermelho Ponceau 4R (E124), Cloreto de amónio. O seu uso está contraindicado em doentes com hipersensibilidade às substâncias ativas ou a qualquer dos excipientes. 

 Caracteristicas do Medicamento 

Sistema físico

  • Substância(s) ativa(s)
  • Excipientes
  • Materiais de embalagem

Atributos essenciais

  • Qualidade
  • Segurança
  • Eficácia

Finalidade

  • Curativa
  • Profilática
  • Meio de diagnóstico

 

3.1. Critérios de classificação de medicamentos

São várias as classificações que podem se dar aos medicamentos, eis alguns:

·       de acordo com a sua composição (simples e compostos),

·       de acordo com a forma de aplicar ou usar

·       de acordo com o Sistema terapêutico,

·       de acordo com a Preparação,

·       de acordo com o Alvo da acção terapêutica no organismo ou Grupos farmacológicos/terapêuticos

·       de acordo ao alvo terapêutico

 

3.1.1. Número de substâncias ativas

·       simples e

·       compostos

3.1.2. Tipo de administração

Interno

·       Enteral: efeito sistêmico (não-local); substância via trato digestivo.

·       Parenteral: efeito sistêmico; substância fora do trato digestivo.

Externo

·       Tópica: efeito local; a substância é aplicada diretamente onde deseja-se sua ação.

3.1.3. Sistema terapêutico subjacente

·       Podem ser: Convencionais, Vectorizados e Biotecnológicos.

3.1.3.1. Convencionais:

De acordo as suas Propriedades físico-química do fármaco, podem ser

  • Pós, granulados, comprimidos, cápsulas
  • Soluções, suspensões e emulsões
  • Pomadas, geles, cremes e pastas
  • Supositórios, óvulos

Limitações

  • Rápida eliminação do fármaco pelo organismo;
  • Administrações repetidas vezes para garantir níveis plasmáticos de fármacos constantes, o que resulta em Problemas de adesão à terapêutica
  • Dificuldade de direcionamento dos fármacos para os locais alvo da acção terapêutica. Isto gera Efeitos adversos
  • Risco de toxicidade dos fármacos no organismo

 

3.1.3.2. Sistemas Vectorizados: Macromoleculares e Vesículas ou partículas

A. Macromoleculares

-       Polímeros hidrossolúveis (PEGs, etc)

-       Glicoproteínas

-       Dendrímeros

-       Anticorpos monoclonais

B. Sob a forma de vesículas ou partículas

-       Lipossomas[1]

-       Nanopartículas poliméricas

-       Nanopartículas lipídicas sólidas

-       Micelas poliméricas

-       Nanotubos de carbono

Exemplo de lipossomas



[1] Lipossomas sao vesiculas constituidas de uma ou mais bicamadas fosfolipidicas orientadas centricamente em torno de um compartimento aquoso e servem como carreadores de farmacos, biomoleculas ou agentes de diagnostico.

3.1.3.3. Sistemas terapêuticos Biotecnológicos

Aqui recorre-se a Engenharia genética como ferramenta básica da biotecnologia para

-       Isolamento de genes

-       Modificação de genes

-       Preparação de genes para serem  inseridos em novas espécies

Desta forma pode-se explorar:

-       Clonagem (Clonagem Terapêutica)

-       Produtos farmacêuticos (cosméticos, Erythropoietin, Factor VIII…)

-       Terapia génica (Transferencia de genes, atribuir propriedades uteis as células)

-       Farmacogenética

-       Testes genéticos: Testes de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

-       Biomateriais (Tecido Engenharia,regenerar)

A seguir vejamos Exemplos da aplicação da Biotecnologia

Tecido Engenharia- são criados para regenerar ou substituir tecidos danificados, utilizando combinações de células, biomateriais e fatores de crescimento.

Testes geneticos

Existem diferentes tipos de testes genéticos, incluindo:

·       Testes de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR): Para amplificar pequenas quantidades de DNA e detectar variantes genéticas.

·       Sequenciamento de Sanger: Método tradicional para identificar mutações em genes específicos.

·       Sequenciamento de Nova Geração (NGS): Permite sequenciar rapidamente vastas quantidades de DNA e identificar múltiplas mutações ao mesmo tempo.

Farmacogenética-estudia cómo las variaciones genéticas de un individuo afectan su respuesta a los medicamentos.

Terapia génica - esta apresenta como principais enfoques:

·       Substituição genética: É introduzida uma cópia saudável de um gene defeituoso ou ausente, com o objetivo de que a célula produza a proteína normal que está faltando.

·       Inibição genética: São utilizadas técnicas para silenciar genes que produzem proteínas que contribuem para a doença.

·       Edição de genes: Ferramentas como CRISPR-Cas9 permitem cortes precisos no DNA para editar sequências genéticas específicas, corrigir mutações ou inserir novos genes.

·       Transferência genética: Podem ser adicionados novos genes que conferem propriedades úteis às células, tais como fazê-las produzir uma proteína que combate o cancro.

Clonagem Terapêutica: É utilizada para gerar células-tronco que podem ser usadas para tratar doenças. Essa abordagem visa criar células que podem se desenvolver em qualquer tipo de tecido, potencialmente permitindo a regeneração de órgãos danificados.

Outros Produtos farmacêuticos provenientes da engenharia genética:

ATabela 1 lista exemplos de produtos de DNA recombinante e seus usos.

Tabela 1. Alguns produtos farmacêuticos geneticamente modificados e suas aplicações

Produto de DNA recombinante

Aplicativo

Peptídeo Natriurético Atrial

Tratamento de doenças cardíacas (por exemplo, insuficiência cardíaca congestiva), doenças renais, pressão alta

Dnase

Tratamento de secreções pulmonares viscosas na fibrose cística

Eritropoietina

anemia grave com lesão renal

Fator VIII

Tratamento de hemofilia

Vacina contra hepatite B

Prevenção da infecção pela hepatite B

Hormônio de crescimento humano

Tratamento da deficiência do hormônio do crescimento, síndrome de Turner, queimaduras

Insulina humana

Tratamento de diabetes

Interferões

Tratamento de esclerose múltipla, vários tipos de câncer (por exemplo, melanoma), infecções virais (por exemplo, hepatite B e C)

Tetracenomicinas

Usado como antibióticos

Tecido plasminogênio ativador

Tratamento da embolia pulmonar no acidente vascular cerebral isquêmico, infarto do miocárdio

 

3.1.4. Modo de preparação e acção

(1) Oficinais são os que se encontram oficializados nas monografias da Farmacopeia. São, normalmente, preparações dotadas de boa conservação, que o farmacêutico pode manipular e guardar até ao momento do emprego. Há, porém, algumas exceções a esta regra, como a maioria das limonadas, a emulsão comum, etc., que se alteram rapidamente após preparação.

(2) Especialidade são preparações farmacêuticas apresentadas no mercado em embalagem própria, destinada a ser entregue ao consumidor e com uma designação ou marca privativa.  

(3) Magistrais os que não estão inscritos na Farmacopeia e que são preparados pelo farmacêutico na sua oficina segundo as indicações expressas numa receita médica, os quais apresentam, muitas vezes, má conservação, pois o clínico formula de acordo com as necessidades do momento, não se interessando na conservação do produto por período mais ou menos longo.

(04) Os medicamentos genéricos são preparações idênticas a especialidades, que podem ser produzidos em série, mas que não têm outra designação senão o nome ou nomes do fármaco ou fármacos constituintes. Naturalmente que um similar de uma dada especialidade deve apresentar uma biodisponibilidade idêntica ou muito próxima da especialidade que pretende reproduzir. Deve, pois, ser bioequivalente com ela. O seu interesse é preferencialmente de natureza económica, visto serem dispensados a um preço inferior ao do medicamento original.

 

3.1.5. Alvo da acção terapêutica no organismo ou Grupos farmacológicos/terapêuticos

·       ANALGÉSICOS E ANTIPIRÉTICOS.

·       ANESTÉSICOS.

·       ANTIALÉRGICO.

·       ANTÍDOTOS USADOS EM INTOXICAÇÕES EXÓGENAS.

·       ANTI-INFLAMATÓRIOS E MEDICAMENTOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DA GOTA.

·       ANTIMICROBIANOS, entre outros

 

3.1.6 Quanto ao alvo terapêutico (organismos)

·       Medicamentos organotrópicos: medicamentos que atuam no nosso organismo.

·       Medicamentos etiotrópicos: medicamentos que atuam em organismos que nos parasitam (bactérias, leveduras, fungos, vírus).


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