Estabilidade de medicamentos
6. Estabilidade de medicamentos.
Sumario:
¾ Estabilidade e data de validade
¾ Entidades que definem os requisitos de qualidade
¾ Factores que afectam a estabilidade
¾ Protocolos para a avaliação da estabilidade.
Conceitos
A estabilidade é definida como o
tempo durante o qual a especialidade farmacêutica ou mesmo a matéria prima
considerada isoladamente mantém, dentro dos limites especificados e durante
todo o período de armazenagem, transporte e uso, as mesmas características que
possuía no momento da sua produção(8).
Remington (A Ciência e a Prática da Farmácia) diz: “Capacidade de
determinada formulação, num recipiente específico/sistema fechado, manter suas
especificações físicas, químicas, microbiológicas, terapêuticas e
toxicológicas”.
6.1.
Alteração de medicamentos
6.1.1 Factores que afectam a
estabilidade
A estabilidade dos produtos
farmacêuticos depende de fatores
ambientais como (9)
¾ temperatura, humidade, luz
E de outros fatores relacionados ao próprio produto como:
¾ propriedades físicas e químicas,
¾ propriedades de substâncias ativas e excipientes
farmacêuticos,
¾ forma farmacêutica e sua composição,
¾ processo de fabricação,
¾ tipo e propriedades dos materiais de embalagens.
6.1.2 Avaliação da estabilidade
A monitorização da estabilidade
dos medicamentos é um dos métodos mais eficazes para avaliação, previsão e
prevenção de problemas relacionados à qualidade do produto durante a validade(9).
Há estudos na fase de pré-formulação incluem a estabilidade no estado sólido do
fármaco isolado e a estabilidade na presença dos excipientes. Estas etapas são
realizadas para reduzir ou prevenir a ocorrência de deterioração devido à
hidrólise, oxidação, entre outros processos.
O estudo da estabilidade da fase de formulação tem por finalidade avaliar o comportamento dos
medicamentos em função do tempo e a influência de uma variedade de condições e
fatores, sendo levado em consideração tanto o fármaco, quanto a mistura de
excipientes ou veículos utilizados, assim como a interação entre ambos, face às
condições as quais estão submetidos.
6.1.3 Tipos de estudos de avaliação da estabilidade
De acordo com Aulton apud Juliane (8), existem cinco importantes tipos de estabilidade que devem ser determinados:
1. Químico: Manutenção de sua integridade e teor declarado dentro dos limites especificados, por um determinado período de tempo, uniformidade e dissolução;
2. Físico: Manutenção das propriedades físicas originais, incluindo aspecto, sabor, odor, pH, viscosidade, dureza, entre outras;
3. Microbiológico: A esterilidade ou resistência ao crescimento de microorganismos deverá permanecer dentro dos limites especificados;
4. Terapêutico: A atividade terapêutica deverá permanecer inalterada;
5. Toxicológico: Não deve ocorrer aumento significativo da toxicidade.
6.1.4 Entidades que definem os
requisitos
As entidades que definem e regulam os requisitos de
qualidade de medicamentos variam de acordo com o país. Aqui apresentamos
algumas das principais organizações internacionais e nacionais incluem:
1. Boas Práticas de Fabricação
(BPF, também conhecidas como 'cGMP' do ingles Good Manufacturing
Practices - GMP, ou 'cGMP' - 'current Good Manufacturing Practice[1]) é um conjunto de normas da
garantia de qualidade que assegura que os medicamentos sejam consistentemente
produzidos e controlados de acordo com os padrões de qualidade apropriados ao
uso pretendido e conforme exigido pela especificação do produto. Estas normas e
diretrizes globais para a qualidade de medicamentos, incluindo a
"Farmacopeia Mundial" são definidas pela Organização Mundial da Saúde
(OMS)
2. Food and Drug Administration
(FDA) - EUA
A FDA é responsável pela aprovação
e regulamentação de medicamentos nos Estados Unidos, garantindo que eles
atendam a padrões rigorosos de segurança, eficácia e qualidade.
3. US Pharmacopeia (USP)
A Farmacopeia dos Estados Unidos
(USP, do inglês United States Pharmacopeia) é uma organização científica e não
governamental que estabelece padrões para a qualidade, pureza, força e
consistência de produtos farmacêuticos e alimentares nos Estados Unidos. Os
padrões definidos pela USP são utilizados por fabricantes, reguladores e
profissionais de saúde para garantir que os medicamentos e os alimentos sejam
seguros e eficazes. A USP publica um compêndio que contém monografias para
substâncias e produtos, bem como métodos de teste e especificações. Esses
padrões são reconhecidos em todo o mundo e muitos países se baseiam na USP para
regular seus próprios padrões farmacêuticos.
4. Organizações Internacionais como a International Council for
Harmonisation of Technical Requirements for Pharmaceuticals for Human Use
(ICH)
O ICH desenvolve diretrizes que
visam harmonizar os regulamentos sobre qualidade de medicamentos entre
diferentes regiões do mundo. A ICH foi fundada em 1990 e é composta por
representantes de autoridades regulatórias e da indústria farmacêutica de regiões
como Europa, Japão e Estados Unidos, além de outras organizações
internacionais.
Essas entidades trabalham em
conjunto com as indústrias farmacêuticas, pesquisadores e outros stakeholders
para garantir que os medicamentos desenvolvidos e comercializados atendam aos
padrões de qualidade necessários para proteger a saúde pública.
Protocolos de estabilidade de
temperatura
Vejamos os quadros-resumo sobre condições
de ensaios
Substâncias a serem conservadas no
frigorífico
6.2.
Conceito de prazo de utilização e prazo de validade
6.2.1 Data de validade
“Período de tempo no qual a
preparação permanecerá estável quando armazenada sob as condições
recomendadas”.
Características a considerar:
Uma data de validade expressa em
termos de mês e ano: denota o último dia do mês.
Recipientes de dose única vendidos
em cartelas individuais: a data de validade deve ser colocada em cada cartela.
Produto seco que deve ser
reconstituído no momento da administração: a data de validade é atribuída tanto
à mistura seca quanto ao produto reconstituído.
6.2.2 Como redefinir prazo após abertura
É recomendado que o novo prazo de
validade não exceda a 25% do tempo restante entre a data do fracionamento e o
prazo de validade original e que o tempo máximo deste não seja maior do que
seis meses.
Há casos em que o validade apos abertura dura 28 a 30 dias, conforme consta na tabela a seguir[1]:
Vejamos um exemplo: Medicamento aberto em 01/2017, com validade até 01/2020: faltam 36 meses para vencer. Logo, 36/4 (25% do tempo) = 9 meses. Logo, consideraremos 6 meses, porque é o máximo de tempo que permitido após ruptura do lacre.
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