Vias de administração de medicamentos
2. Noção geral de vias de administração de medicamentos
A
administração de medicamentos é um processo essencial na prática clínica, sendo
responsável por introduzir substâncias terapêuticas no organismo de forma a
maximizar seus efeitos e minimizar riscos1,2.
As vias de administração podem ser classificadas em três grandes grupos: vias tópicas, vias enterais e vias parenterais, as vias tópicas geralmente estão dentro das parenterais, existindo assim outras literaturas que defendem a existência de apenas dois grandes grupos. Essa divisão é fundamental para compreender como os medicamentos interagem com o organismo, considerando aspectos como o local de aplicação, absorção, eficácia e segurança2.
2.1.1.1 Vias Tópicas
As
vias tópicas envolvem a aplicação do medicamento diretamente em superfícies
externas
ou cavidades corporais, para efeito local ou sistêmico. Subdividem-se em: Cutâneas, Mucosas e Outras Específicas2.
Transdérmica
Definição: Administração pela pele com
objetivo sistêmico.
Mecanismo:
O medicamento atravessa
a barreira epidérmica até a circulação
sistêmica.
Exemplos: Adesivos de nitroglicerina, fentanil.
Vantagens: Evita o trato gastrointestinal, proporciona liberação
controlada.
Desvantagens: Absorção lenta, possibilidade de irritação cutânea1.
Oftálmica (ou Intralacrimal)
Definição: Administração na mucosa
ocular para efeito local.
Mecanismo: Penetração pela córnea ou
conjuntiva.
Exemplos: Colírios de antibióticos (tobramicina), lágrimas artificiais.
Vantagens: Ação localizada.
Desvantagens: Absorção limitada, desconforto2.
Auricular (ou Otológica)
Definição: Administração no canal auditivo
externo.
Mecanismo: Ação local sem absorção
significativa.
Exemplos: Antifúngicos (clotrimazol).
Vantagens: Baixo risco de efeitos
sistêmicos.
Desvantagens: Restrito a condições
externas1.
Intranasal
Definição:
Administração pela mucosa nasal para efeito local ou
sistêmico.
Mecanismo: Absorção pela rica vascularização da mucosa nasal.
Exemplos: Descongestionantes (oximetazolina), calcitonina.
Vantagens: Rápida absorção.
Desvantagens: Irritação da mucosa2,3.
Intravaginal
Definição: Administração na cavidade vaginal.
Mecanismo: Absorção pela mucosa vaginal.
Exemplos: Antifúngicos (miconazol), hormônios (estrogênio).
Vantagens: Ação local direta.
Desvantagens: Possível desconforto3.
Uretral
Definição: Administração pela mucosa uretral.
Mecanismo: Ação local na uretra.
Exemplos: Antissépticos uretrais.
Vantagens: Tratamento localizado.
Desvantagens: Desconforto4.
Inalatória (Pulmonar)
Definição: Administração por inalação para efeito local
ou sistêmico.
Mecanismo: Absorção pelos alvéolos
pulmonares.
Exemplos: Broncodilatadores (salbutamol), anestésicos voláteis.
Vantagens: Ação rápida.
Desvantagens: Exige dispositivos específicos1,4.
2.1.2. Vias
Enterais
Definição: Ingestão de medicamentos pela boca.
Mecanismo: Absorção no trato gastrointestinal.
Exemplos: Paracetamol, amoxicilina.
Vantagens: Conveniente e
econômica.
Desvantagens: Efeito de primeira
passagem, absorção variável1.
Sublingual
Definição: Administração sob a língua.
Mecanismo: Absorção pela mucosa
sublingual.
Exemplos: Nitroglicerina, loratadina.
Vantagens: Evita o efeito de primeira passagem.
Desvantagens: Limitada a pequenas doses2.
Bucal
Definição: Administração entre a bochecha e a gengiva.
Mecanismo: Absorção pela mucosa
bucal.
Exemplos: Fentanil.
Vantagens: Evita metabolismo hepático inicial.
Desvantagens: Sabor desagradável3.
Retal
Definição: Introdução de medicamentos no reto.
Mecanismo: Absorção pela mucosa retal.
Exemplos: Bisacodil, paracetamol.
Vantagens: Alternativa em casos de vômitos.
Desvantagens: Absorção irregular2.
2.1.3 Vias
Parenterais
Peridural
Definição: Administração no espaço
peridural.
Mecanismo: Ação em nervos espinhais.
Exemplos: Anestésicos locais.
Vantagens: Efeito segmentar.
Desvantagens: Técnica invasiva4.
Intrabiliopancreática
Definição: Administração em vias biliares ou pancreáticas.
Mecanismo: Ação direta sobre estruturas específicas.
Exemplos: Antibióticos.
Vantagens: Ação localizada.
Desvantagens: Procedimento complexo3.
2.1.3.2 Parenterais Injetáveis
Intravenosa (IV)
Definição: Administração diretamente na corrente
sanguínea.
Mecanismo: Introdução do medicamento em uma veia para efeito
imediato.
Exemplos: Antibióticos (ceftriaxona), analgésicos (morfina).
Vantagens: Ação rápida, 100% de biodisponibilidade, controle preciso da dose.
Desvantagens: Técnica invasiva,
risco de infecção ou flebite1,2.
Intramuscular (IM)
Definição: Administração no tecido
muscular.
Mecanismo: Absorção ocorre
no músculo através
de capilares sanguíneos.
Exemplos: Vacinas (hepatite
B), antipsicóticos de depósito (haloperidol).
Vantagens:
Boa absorção de medicamentos, útil para fármacos
insolúveis em água.
Desvantagens: Dor no local, risco de abscessos1.
Subcutânea (SC)
Definição: Administração no tecido
subcutâneo, entre a pele
e o músculo.
Mecanismo: Absorção pelos vasos sanguíneos da camada subcutânea.
Exemplos: Insulina, heparina.
Vantagens: Permite administração lenta e sustentada, fácil execução.
Desvantagens: Quantidade limitada de fármaco,
absorção mais lenta que IV ou IM2,3.
Intradérmica
Definição: Administração na derme,
camada intermediária da
pele.
Mecanismo: O medicamento é depositado na derme, permitindo liberação lenta.
Exemplos: Testes alérgicos, vacinas (BCG).
Vantagens: Necessária pequena
quantidade de fármaco, ação localizada.
Desvantagens: Técnica difícil, risco de erro de
administração3.
Intratecal
Definição: Administração no espaço subaracnóideo da medula espinhal.
Mecanismo: O medicamento alcança diretamente o líquido cefalorraquidiano.
Exemplos: Quimioterápicos (metotrexato), anestésicos locais.
Vantagens: Permite administração direta no sistema
nervoso central.
Desvantagens: Altamente invasiva, risco
de infecção ou lesão nervosa 1,4.
Epidural
Definição:
Administração no espaço epidural, entre a dura-máter e o canal vertebral.
Mecanismo: Difusão do fármaco para os nervos espinhais.
Exemplos: Anestésicos locais
(bupivacaína), opioides (morfina).
Vantagens: Ação segmentada e
prolongada.
Desvantagens:
Necessita de técnica
especializada, risco de complicações
neurológicas4.
Intraóssea
Definição: Administração na medula
óssea.
Mecanismo: Absorção rápida pela rica vascularização do tecido ósseo.
Exemplos: Medicamentos de emergência
(adrenalina, fluidos).
Vantagens: Alternativa em situações
de emergência, rápida
biodisponibilidade.
Desvantagens: Procedimento doloroso, risco de osteomielite2.
Intracardíaca
Definição: Administração diretamente no músculo ou cavidade cardíaca.
Mecanismo: Fármaco é entregue diretamente no coração.
Exemplos: Adrenalina em parada
cardíaca.
Vantagens: Útil em emergências extremas, efeito imediato.
Desvantagens: Procedimento altamente invasivo, exige precisão3.
Intraperitoneal
Definição: Administração no espaço
peritoneal.
Mecanismo:
Absorção pelo peritônio, camada vascularizada na cavidade
abdominal.
Exemplos: Diálise peritoneal, quimioterápicos.
Vantagens: Grande área de
absorção, útil em tratamentos localizados.
Desvantagens: Risco de infecção
(peritonite), técnica invasiva1.
Intrapleural
Definição: Administração na cavidade
pleural.
Mecanismo: O medicamento age localmente no espaço pleural.
Exemplos: Agentes esclerosantes no tratamento de derrames pleurais.
Vantagens: Ação local, evita efeitos sistêmicos.
Desvantagens: Procedimento técnico, risco de pneumotórax2.
Intra-articular
Definição: Administração diretamente em uma
articulação.
Mecanismo: O medicamento atua localmente na
articulação.
Exemplos: Corticoides (triancinolona), ácido hialurônico.
Vantagens: Ação localizada, evita efeitos sistêmicos.
Desvantagens: Necessita de profissional capacitado, risco de infecção articular3.
Intralinfática
Definição: Administração diretamente no sistema
linfático.
Mecanismo: O fármaco é entregue aos linfonodos ou vasos linfáticos.
Exemplos: Imunoterapias.
Vantagens: Alvo específico, alta eficácia em imunoterapias.
Desvantagens: Técnica complexa,
pouco utilizada na prática
clínica4.
Intraventricular
Definição: Administração nos ventrículos cerebrais.
Mecanismo: O medicamento é entregue
diretamente no sistema ventricular do cérebro.
Exemplos: Antibióticos em meningite, quimioterápicos.
Vantagens: Ação direta no sistema nervoso central.
Desvantagens: Procedimento invasivo e arriscado1.
Fim
Entre em contacto para questoes adicionais ou omissas
Equipe de trabalho
Assane Amade Assane
Mayassa Oraibo Abdul
Oldimiro de Suzana Horácio
Zulfa Juma Momade
Comentários
Enviar um comentário