SUSPENSÕES


 

Estudo das formas farmacêuticas líquidas obtidas por dispersão mecânica

SUSPENSÕES

Definição FB 5 ed.:

“ É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas dispersas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. Abrev.: sus.”

FASE INTERNA (dispersa;descontinua) – fármaco insolúvel ou pouco solúvel finamente dividido

FASE EXTERNA (líquida ou contínua) – veículo líquido contendo adjuvantes dissolvidos.

Existem suspensões orais prontas no mercado, outras preparações são encontradas na forma de pó para ser suspenso no momento do uso, indicação ideal para fármacos instáveis em meio aquoso. Este pó normalmente contem o fármaco e os adjuvantes, como os agentes suspensores, e após a adição do veículo tem-se uma suspensão extemporânea.

 

PREPARAÇÃO

As técnicas básicas para a preparação de suspensões farmacêuticas são

§  pesagem,

§  medida de líquidos,

§  redução do tamanho e

§  mistura.

CLASSIFICAÇÃO

§  Orais

§  Tópicas

§  Parenterais

§  Oftálmicas

VANTAGENS

As suspensões orais apresentam vantagens como permitir a viabilidade de um fármaco insolúvel na forma líquida, mascarar um sabor desagradável; possuir maior velocidade de absorção do fármaco quando comparada à forma sólida oral, as partículas finamente divididas de dissolvem mais rapidamente nos fluidos do Trato Gastrintestinal; possuir maior estabilidade quando comparada às soluções, como o fármaco não está dissolvido apresenta maior resistência à hidrólise; e os fármacos instáveis em soluções aquosas podem ser empregados em suspensões extemporâneas ou em veículos não aquosos. Esta forma farmacêutica não deve ser utilizada para fármacos de baixo índice terapêutico, devido ao maior risco de erro na administração.

Uma suspensão deve ter como composição básica o fármaco que, como sendo a fase dispersa sólida, não deve ultrapassar 40% do total da formulação. Um agente suspensor deve ser adicionado à formulação de modo a aumentar a viscosidade da preparação e retardar a sedimentação do fármaco.

SUSPENSÕES - REQUISISTOS

Estabilidade química

§  Fármaco e adjuvantes devem manter estabilidade química: Estrutural

§  Não interagir entre si

§  Não interagir com recipientes

§  Manter a potência dentro dos limites aceitáveis durante o prazo de validade

Estabilidade física

§  As partículas dispersas devem ser pequenas e uniformes em tamanho.

§  Sedimentação lenta (partículas finamente divididas e viscosidade adequada do meio)

§  Se as partículas sedimentam, devem ser facilmente redispersíveis.

§  Não deve ter viscosidade excessiva de forma a interferir na redispersão ou dificultar a retirada do recipiente

§  A redispersão deve produzir sistema homogêneo para garantir uniformidade nas doses administradas

§  A formulação final deve ser agradável ao paciente quanto ao odor, cor e sabor no caso das suspensões orais

Estabilidade microbiológica:

§  Manutenção da carga microbiana em níveis aceitáveis (dentro dos limites) ou

§  Manutenção da esterilidade, se estéril

§  Uso de conservantes

§  Não estéril

§  Estéril múltipla dose

Veículos:

§  Água

§  Óleos: óleo de milho, óleo de soja, vaselina líquida

§  Sorbitol

§  Xarope

§  Base emulsiva

Composição das suspensões

Agentes molhantes: utilizados para auxiliar na dispersão do solido no meio líquido.

§  Tensoativos: diminuem a tensão superficial. São preferíveis os não iônicos: Tweens® e Spans®

§  Substâncias macromoleculares hidrofílicas: glicerina, sorbitol, CMC, gomas

§  Substâncias hidrofílicas inorgânicas insolúveis: bentonita (tipo de argila), Veegum® (silicato de magnésio e alumínio), hidróxido de alumínio, Aerosil® (dióxido de silício coloidal)

Agentes suspensores:

usados para aumentar a viscosidade do sistema, mas também evitam a flutuação (têm afinidade pela interface) e favorecem a redispersibilidade (colóides protetores, formando uma película ao redor das partículas).

Tipos

§  Polissacarídeos: gomas arábica (5 a 15%), adragante (1 a 2%), caraia; alginatos (de sódio); pectina, gelatina;

§  Celuloses solúveis em água: metilcelulose (0,5 a 2,0%); etilcelulose; hidroxietil celulose; CMC (2 a 3%), celulose microcristalina;

§  Argilas: bentonita (2 a 5%); atapulgita, Veegum®

§  Polímeros sintéticos: carbomeros (Carbopol de 0,1 a 0,4%); álcool polivinílico (Kollidon®); dióxido de silício coloidal (1,5 a 4%)

§  Outros: Viscosol® (amidoglicolato de sódio – 2%), lecitina, povidona

Agentes floculantes[1] (na preparação de suspensões de maneira a favorecer a floculação, que é o processo no qual as partículas se agrupam formando aglomerados frouxos facilmente redispersíveis):

Para cargas negativas

§  Fosfato monopotássico

§  Cloreto de cálcio

§  Cloreto de alumínio

Para cargas positivas

§  Hexametafosfato de sódio

§  Citrato trissódico

Argilas (ambas as cargas): bentonita

Conservantes

Uso interno:

§  Metilparabeno/propilparabeno

§  Benzoato de sódio

§  Ácido benzóico (pH < 5)

§  Sorbato de potássio

§  Ácido sórbico (pH < 6)

Uso externo (tópico)

§  álcool benzílico (pH = 7)

§  Parabenos (4 < pH < 7)

§  cloreto de benzalcônio (pH = 7)

§  cloroxilenol

§  formaldeído

§  fenoxietanol

§  fenol

Injetáveis

§  fenol

§  álcool benzílico (pH = 7) (menos grande volume)

Uso oftálmico

§  gluconato de clorexidina (pH > 7)

§  clorobutanol

§  cloreto de benzalcônio

§  ácido bórico

Estabilizantes:

Antioxidantes

§  Sulfito e metabissulfito de sódio

§  Ácido ascórbico

§  Vitamina E

Quelantes de metais

§  EDTA

§  Ácido cítrico

Edulcorantes e Corretivos de aroma e sabor:

§  Xarope simples

§  Sorbitol

§  Sacarina

§  Ciclamato

§  Glicerina

CONTROLE DE QUALIDADE

O controle de qualidade de suspensões é realizado a partir da análise das características organolépticas, da verificação do peso/volume, do controle do pH, da determinação da viscosidade e da densidade relativa, da avaliação do grau de floculação, da redispersibilidade, do volume de sedimentação e do controle microbiológico.

Uma suspensão deve apresentar determinadas propriedades físicas para ser considerada estável, ela deve permanecer homogênea, no mínimo, entre o período de agitação do frasco e a retirada da quantidade desejada.

Não deve formar caking[2] no fundo do frasco e não deve apresentar crescimento cristalino.

Deve, ainda, possuir boa fluidez e suas partículas devem possuir tamanho reduzido, para diminuir a velocidade de sedimentação. O tamanho reduzido das partículas sólidas evita a sedimentação rápida, facilita a redispersão e previne a formação de cristais – crescimento cristalino. Espera-se que uma suspensão estável possua características organolépticas (aspecto, cor, odor e sabor) que proporcionem a aceitação do paciente – elegância farmacêutica, além de a presentar estabilidade química, física e microbiológica. E o mais importante, deve proporcionar a administração de uma dose uniforme e terapeuticamente ativa do medicamento.

A diferença de densidade entre as fases dispersa e dispersante pode afetar a taxa de sedimentação. Uma diferença igual a zero, significa que não ocorre sedimentação. Como a densidade da fase dispersa não pode ser alterada, seria necessário aumentar a densidade do meio. Porém a densidade dos veículos raramente é aumentada acima de 1,3 e, portanto, a diferença não pode ser completamente eliminada. O uso de alguns modificadores de densidade, como o sorbitol e o manitol, pode diminuir essa diferença

FORMULARIO

Suspensão de Caulim-Pectina

Caulim ............................................... 17,5 g

Pectina .............................................. 0,5 g

Silicato de alumínio e magnésio coloidal 5% .........................17,5 g

CMC sódica ......................................... 0,2 g

Glicerina .............................................. 5,0 g

Sacarina sódica ................................. 0,1 g

Flavorizante ........................................ q.s.

Conservante ....................................... q.s.

Água .................................................... q.s.p.100 mL

Suspensão antinflamatória, antipirética e analgésica

Piroxicam .........................................................0,9 g

Polissorbato 20 ................................................3,0 g

Glicerina ......................................................... 20 mL

Sacarose......................................................... 20 g

Celulose microcristalina ................................... 1,0 g

Metilparabeno ................................................. 0,1 g

Propilparabeno ............................................... 0,03 g

Fosfato de potássio dibásico .......................... 0,05 g

Álcool ................................................................ q.s.

Flavorizante ...................................................... q.s.

Água ...........................................................q.s.p. 100 mL

Suspensão de Hidróxido de alumínio

Gel de hidróxido de alumínio .................. 36,3 g

Sorbitol 70% ............................................ 28,2 g

Xarope simples ....................................... 9,3 mL

Glicerina .................................................. 25,0 g

Metilparabeno .......................................... 0,1 g

Propilparabeno ........................................ 0,03 g

Flavorizante ............................................. q.s.

Água destilada ................................q.s.p. 100 mL

 Forma Farmacêutica:

R: Líquida (Suspensão).



[1] Muitas fases dispersas utilizadas em suspensões são pós muito finos o que levaria a suspensões de difícil redispersão. Porém durante a formulação é possível utilizar técnicas para transformar as partículas finas em aglomerados, também conhecidos como flocos ou flóculos, e a suspensão é dita então como floculada. Os aglomerados são as partículas da fase dispersa com a fase continua presa entre as partículas, apresentando-se então menos densos do que as partículas individuais, melhorando a estabilidade da suspensão.

[2] Caking pode ser definido como formação de sedimento não redispersível, uma das principais causas de seu aparecimento é a formação de pontes entre cristais do sedimento. Isto pode ocorrer entre duas ou mais partículas simultaneamente, formando ligações estáveis entre elas e consequentemente a formação de sedimento bastante compacto

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